Notícias - ENTREVISTA PRESIDENTE DA ANIET

13/10/22

ENTREVISTA PRESIDENTE DA ANIET

ENTREVISTA PRESIDENTE DA ANIET

Como foi o seu percurso profissional até chegar a Presidente da ANIET?

Foi, para mim, um excelente percurso, feito fundamentalmente na área industrial.

Depois de ter terminado o curso de Engenharia Mecânica, no Instituto Superior Técnico, com 14 valores, iniciei o meu percurso profissional como Director da Fábrica da Argibetão, no Cartaxo.

Não podia ter tido melhor escola. 

Com os conhecimentos teóricos muito presentes e uma curiosidade que me acompanha desde muito novo, foi a combinação ideal para olhar para uma fábrica e fazê-la evoluir.

Criei um novo sistema de controlo da produção, aumentei a produtividade, reduzi custos, reestruturei e melhorei muito o produto final.

Foi, também, um período muito criativo, pois concebi novas máquinas que melhoraram muito a eficiência da fábrica, tendo registado as respetivas Patentes a nível mundial, permitindo significativas reduções de custos, nesta industria.

Também registei, neste período, Direitos de Autor de algumas das minhas inovações.

Passados 6 anos e, com a fábrica controlada e mais eficiente, aceitei um novo desafio, a de Diretor Industrial, com o objetivo de incrementar nas restantes 3 fábricas da empresa, Braga, Ovar e Azeitão, as resultados conseguidos na do Cartaxo.

Estive nesta função cerca de 2 anos, passando, ao fim deste período, a Diretor Geral e, 1 ano depois, a Administrador Delegado.

Fui nos últimos 7 anos, Presidente do Concelho de Administração, dos 40 anos que estive ligado a esta empresa.

Em 1992, estive um ano em Paris a liderar um novo projeto da Lapeyre para Portugal, do grupo Saint Gobain, na área das madeiras. Pretendiam internacionalizar os seus negócios na Europa, com delegações em Espanha, Itália, Suíça e Portugal. Não chegou a avançar.

Paralelamente, ao longo destes 43 anos que levo de vida profissional, fui chamado a exercer outras funções em outras empresas do grupo Semapa.

Fui membro da Comissão de Controlo do Governo Societário da SEMAPA, SGPS, S.A. e Administrador da Cimo, SGPS, S.A. e da Longapar, SGPS, S.A. .

Ainda no grupo, na área pertencente aos pré-fabricados da Secil, fui Presidente da Secil Unicon  e Administrador Executivo da SecilPrebetão e da Sonaca.

Nas empresas que operam na área da Indústria Extractiva e Transformadora, fui Administrador Executivo da Secilbritas, da Colega, Quimipedra, Brimade, Lusoinertes, Carcubos, Jobrita, Pedreiral e Ecob, onde tive oportunidade de fazer algumas fusões e aquisições.

Atualmente, ainda sou Administrador da Secilbritas desde 2006, empresa que represento na ANIET desde então, primeiro como Vice-Presidente durante 7 anos e, nos últimos 8, como Presidente.

Em representação da ANIET, fui Presidente do Conselho Fiscal da CPCI – Confederação Portuguesa da Construção e do Imobiliário e Board Member da UEPG – Union Européenne des Producteurs de Granulats

Representei a ANIET no Cevalor, como Presidente do Conselho de Administração, entre Abril de 2012 e Fevereiro de 2014.

Tive a felicidade de exercer todas estas funções com imenso prazer, única maneira de se ser minimamente competente, muito compensado por uma outra paixão, a de praticante do  desporto motorizado.

Muito resumidamente, posso dizer que me iniciei, de mota, no Circuito de Montes Claros, em 1969, tendo participado ao longo da minha vida em vários circuitos de velocidade e rallys, quer de mota, quer de carro e também fiz algumas provas de kart.

Fui o primeiro português a participar num rally em áfrica de mota, o Rally do Atlas em 1988, integrado no Team Tabaqueira, a competição mais perigosa em que estive presente.

Participei também na Paris-Dakar de 1983, a maior aventura do mundo.

 Em 1975, fui Campeão Ibérico de Pop Cross e, em 1997, Vencedor das 12 horas de Kart de Évora.

Como vê, não me posso queixar de falta de atividade.

 

Quais são os maiores desafios neste novo mandato?

Como sabe a ANIET é uma associação patronal e deverá, em primeiro lugar, trabalhar para dar as melhores condições aos seus associados e, nesse aspecto temos muito a fazer, pois Portugal não oferece às suas empresas as mesmas condições que os outros países oferecem às empresas nossas concorrentes, tornando-as menos competitivas nos mercados internacionais.

O objectivo principal é muito simples, servir as nossas empresas com muita dedicação, reforçando cada vez mais essa ligação, de modo a auscultar os seus problemas e com esse conhecimento, sensibilizar o governo do nosso país, para que este encontre soluções para as questões transmitidas pela Aniet.

Num estudo recente do INE, os empresários portugueses apresentavam como o maior problema do país, as questões relacionadas com a justiça, dificuldades de licenciamento e fiscalidade.

É totalmente verdade para o nosso sector, de uma forma ainda muito mais crítica.

O Eng. António Costa Silva, atual Ministro da Economia, quando apresentou o seu PRR, disse  na altura, que nada aconteceria de importante com o seu programa, se não se modernizasse a administração do Estado, simplificando de uma forma drástica a atual burocracia.

E, agora que já é ministro, continua tudo na mesma. Nada acontece.

A nova lei das Pedreiras continua sem conhecer a luz do dia, depois de duas consultas públicas e de dois anos de espera. É bem o espelho de como estas questões são tratadas em Portugal.

O impressionante aumento de custos com a Eletricidade e Combustíveis são outra das grandes preocupações do sector.

No caso do Gasóleo, não se compreende como é que ainda não foi atribuído o Gasóleo Verde ao nosso sector, quando outras indústrias em Portugal já o utilizam, tal como a maior parte dos nossos concorrentes europeus, como por exemplo a vizinha Espanha.

Este é dos pontos mais importantes para a nossa indústria, pois na estrutura de custos de exploração representa cerca de 45%, sabendo-se que cerca de 70% do preço deste combustível são impostos e taxas. Seria muito fácil para o governo, abdicar de parte deste proveito, recebendo em troca valores muito superiores, devido ao aumento das exportações por maior competitividade das empresas do sector. Todos ganhavam.

Não é aceitável não termos as mesmas condições que as empresas europeias nossas concorrentes.

Sem Indústria Extractiva e Transformadora não há presente, nem haverá futuro